8.29.2005

FOTOFOBIA Todos aqueles que gostam de fotografia e de fotografar, deparam-se frequentemente e desde há muitos anos (Gérard Castello-Lopes, por exº, nos anos 60) com reacções agressivas ou violentas por parte do objecto da sua fotografia, sobretudo quando se gosta de retratar pessoas. Para além do artigo 19 do Código Civil (Direito à imagem) que regulamenta quem, como e em que circunstâncias pode ou não se pode tirar um retrato sem a prévia autorização do retratado, nada mais, tanto quanto se,i os fotógrafos (amadores ou não têm para argumentar e para se defender da ignorância). Tenho-me perguntado muitas vezes se não bastaria dar provas (num qualquer procedimento legal) de que se fotografa com motivações artísticas, profissionais ou didácticas, para, de algum modo, termos por exº um documento legitimado pelo poder e pelo Centro Português de Fotografia (tipo carta de condução) que pudéssemos exibir sorridentemente sempre que surgissem essas situações. Então, chamava-se o polícia mais próximo da discussão, mostrava-se a “carta” e o assunto ficava descontraidamente por aí. Vem isto a propósito do primeiro argumento da Guardia Civil, para me prender, ou, na minha perspectiva “sequestrar” durante 3 horas na esquadra de Pontevedra (escrevo prender ou sequestrar pois entendo, que numa normal detenção civilizada, mesmo por suspeita de qualquer crime, os procedimentos e os actos são completamente diferentes daqueles a que fui barbaramente submetido…) e que se baseava no facto de eu andar a fotografar nas proximidades do edifício da Commissaria, o que repito, nem é proibido. Mudando de Continente; Não há muito tempo, em finais de 2004, quando viajei de Luanda para Benguela e saí do avião, não consegui controlar a emoção de voltar a ver esse belo edifício, depois de 16 anos de ausência, e, instintivamente, ainda na pista, puxei da máquina e fiz uma fotografia. Só fiz uma, porque fui “parado” pelo responsável do Protocolo e da Segurança. Contudo, ele tinha toda a razão; tratava-se de um Aeroporto Militar… Convém lembrar que durante o regime de Partido Único em Angola (Pós-Independência) a lei proibia, por razões de segurança apertada, que se tirassem quaisquer fotografias, (ao quer que fosse) procedimento que ainda hoje está muito “enraizado” na memória desse povo encantador. Mesmo nessa circunstância e nesse contexto (uma base aérea militar e um “turista a(o)cidental”), o segurança do aeroporto nunca foi indelicado nem violento. Ficou com o meu passaporte até que o problema fosse esclarecido. Depois, mandou-me seguir o tranquilamente meu destino. Ainda hoje, quando “desço” em Benguela faço questão de o ir cumprimentar. Mais tarde, ao relatar o caso a um conhecido comandante da segurança do estado, e para contrapor os seus atenuantes argumentos, mostrei-lhe, no meu portátil, a minha colecção de fotografias aéreas e de boa qualidade, tiradas da net, de várias cidades de Angola, onde, com a ajuda de um pequeno mapa, qualquer mal intencionado poderia arquitectar toda uma operação sem sair da sua casa, fosse onde fosse, desde que estivesse “ligado”. O meu conhecido, “deitou as mãos à cabeça”! Notavelmente conturbado com o que eu lhe estava a mostrar, dirigiu-se a um dos seus subordinados exclamando algo como «Temos de começar a pensar nisto…» Em Espanha, acontece o mesmo. Apesar da permanente “Fotofobia”, no meu caso “Foto-Xeno-Fobia”, são os próprios espanhóis a exibir as “aéreas” e não só, das suas principais cidades, com o objectivo de atrair para elas os turistas gastadores. Concluindo este raciocínio, não há ninguém que diga a esta gente, que um criminoso ou pior, um terrorista, hoje em dia, não vai de “Canon” em punho para as ruas onde ele nem adivinha que há “Rottweilers de cacetete”, expor-se demoradamente para obter imagens perfeitamente inóquas?!!! Depois, veio o argumento do Bilhete de Identidade. Não tem ponta por onde se pegue. Imaginem que estão na praia a tomar banho em Marbella ou noutra praia qualquer, e que deixaram a carteira com o dinheiro e os documentos no porta-luvas do carro, “encaixado” numa fila de um parque de estacionamento a uns bons metros do sítio onde se refrescam. Aparece um polícia, acha-vos suspeitos e como não apresentam o BI, algema-vos e prende-vos?! Ou será que a Lei nos dá um “tempito” ao cidadão para apertar os calções, vestir a T-Shirt, calçar os chinelos e ir buscar a solicitada documentação? Ou teremos de “tomar banho” com o BI pendurado no pescoço? Os outros argumentos da Polícia são tão surrealistas (basta ler os posts anteriores e vr os disparates que eles desesperadamente vão dizendo…, cada vez mais.