Quando finalmente chegámos ao hotel o meu grau de desconfiança era equivalente à perigosa (dado o meu estado de saúde) ansiedade que já começava a sentir; ainda faltavam alguns dias para a desejada inauguração, estava a 1300 km de casa, com os meus filhos e sem perceber o realmente o que se estava a passar.
Mantive-me deitado, com a janela aberta num ângulo que me permita ver qualquer movimento na rua da frente daquele pacato sítio.
Já era tarde.
A certa altura apercebi-me de um "Almera" preto a estacionar em frente à casa nº1, mas do lado do hotel.
A grande surpresa é que de lá de dentro saiu o "homem de vermelho" e entrou para a cafetaria do hotel que também serve a rua.
Senti um enorme arrepio. Já era demais!
A Susana tomou a iniciativa de descer descontraidamente fingindo que ia ao carro procurar algo. Quando olhou para a cafetaria reconheceu claramente o sujeito que ali estava, calmamente a tomar algo.
Depois o "Almera" saiu, mas por pouco tempo.
Quando regressou trazia o sujeito de vermelho e um acompanhante com ar de "jovem artista".
Na estranha cadeira estava sentada uma senhora com alguma idade, que presumo ser a dona da modesta casa nº1.

No entanto, a casa nº1 é contígua a uma casa que também me suscitou de princípio algum interesse pelo "dispositivo de segurança que exibia num sítio tão calmo e pacífico: (sistema de alarme bem visível, antenas, um cão polícia, etc)
Os dois homens, dirigiram-se então à senhora, conversando e gesticulando simultaneamente, eventualmente sobre "o estado do tempo"


Nessa noite não consegui dormir, qualquer ruído me atirava para fora da cama para ir ver como é que estavam os meus filhos, ou se havia alguém estranho no corredor do 5º piso.
Instalada a insónia fiquei "de vigia" à casa do alarme onde a movimentação foi grande nessa noite :
O homem de vermelho entrou e voltou a sair, mais do que uma vez; entram outros indivíduos; parou na rua do lado uma enorme carrinha com os vidros tapados que a dada altura saiu, para voltar a estacionar 50 metros atrás.
Pensei por momentos que estava dentro de um qualquer filme de mau gosto, mas infelizmente a situação era bem real e preocupante.