
Após o julgamento do dia 22 de Junho (onde fui apresentado à Juiz, pelo meu "Oficioso", como um Fotógrafo e Arquitecto prestigiado em Portugal (exagero da parte advogado, mas intencional) regressei a casa.
Quando abri o "outlook" deparei-me com um mail remetido por uma Galeria de arte em Granollers , Barcelona, convidando-me gentilmente a participar numa Exposição Colectiva de arte, comemorativa dos seus 6 anos de existência, que seria inaugurada poucos dias depois. A justificação para esse convite residia numa eventual visita à minha galeria de fotografia no site Fotografia na net
Confesso que me surpreendeu.
Em primeiro lugar, pela proximidade entre o dia do julgamento e o dia em que o mail foi enviado.
Depois, porque em Portugal, e até nesse mesmo site, existem fotógrafos muito mais conceituados e reconhecidos que eu, alguns internacionalmente. Atribui essa escolha ao facto de grande parte das minhas fotografias terem um tema pouco vulgar e bastante apelativo; África, Angola e o seu povo.
Depois de pesquisar a idoneidade da galeria e de ver a qualidade de muitos dos seus membros, confrontei-me com um dilema: Por um lado, parecia-me uma oportunidade de mostrar o meu trabalho de fotógrafo "fora de portas", num sítio que era bastante sedutor

(Granollers é uma pequena cidade muito vocacionada para a cultura) tendo inclusivamente um hotel dirigido preferencialmente aos artistas que a visitam.
Por outro lado, a referida coincidência e a experiência que pouco tempo antes vivi não deixavam o meu optimismo sossegado.
Optei então por consultar a minha advogada em Portugal, e o meu, então advogado, em Espanha.
Ambos foram da opinião que o convite não podia ter qualquer relação com o sucedido em Pontevedra e de certa forma esvaziaram o “balão de dúvidas” que me afligia.
Poucas vezes, ao longo da minha vida, recusei desafios, com ou sem dúvidas.
E decidi, também por isso aceitar o convite.
Seleccionei 19 fotografias e 3 desenhos, um pouco à pressa, dada a escassez do tempo para melhor preparar a minha participação e fizemo-nos ao caminho(1300 km),com os meus dois filhos de 8 e 10 anos, no dia 1 de Julho, véspera da dita e aparentemente mediática inauguração.

Fomos entretanto informados pelos donos da galeria, que o tal "hotel dos artistas" não tinha vagas. Indicaram-nos um outro hotel, mais periférico, mas, ainda assim próximo do centro da cidade onde nos instalámos e nos preparámos para a inauguração dessa noite.

A meio da tarde os galeristas telefonaram-nos constrangidos dizendo que afinal não haveria inauguração nesse dia devido a "problemas técnicos com a iluminação" e que só seria realizada uma semana depois. Naturalmente, para quem andou 1300km de seguida para poder estar a tempo da inauguração, essa notícia não nos caiu nada bem.
E problemas técnicos com a iluminação?! Resolvem-se em qualquer parte com um piquete especializado ou com um bom electricista e normalmente em pouco tempo.
Confrontados com a impossibilidade de regressar a Granollers daí a uma semana (+2600km)e pondo de lado a alternativa que consistia num regresso frustrante, optámos por ficar por ali e antecipar o período de férias que me cabe ter com os filhos, já que sou "separado". Ficámos nesse mesmo hotel e planeámos programas engraçados, como "dar um salto a Toulouse (ali muito próximo), passear pela Catalunha, visitar barcelona, e ficar uma noite ou duas num Parador, tão desejado pelas crianças.
Até aqui, continuavamos a acreditar que tudo se devia ao facto de a galeria ser relativamente recente,dirigida por um casal simpático, mas eventualmente pouco organizado e profissional.
Angelo De Boni intitulada "Alcatraz"

Dos galeristas (
Sílvia e José Miguel)pelas conversas que tivemos, fiquei com a melhor impressão e simpatia que procuro conservar, pois ainda acredito nas pessoas.
Até aqui, repito considero esta sequência de acontecimentos com uma
COINCIDÊNCIA, perturbadora e aborrecida, mas uma simples coincidência.