12.22.2005
CONFERÊNCIA DE IMPRENSA "ABORTADA"
TENDO EM CONTA AS RAZÕES QUE SE SEGUEM E QUE INVIABILIZARAM A CONFERÊNCIA DE IMPRENSA AQUI ANTERIORMENTE ANUNCIADA DECIDI, COMO SEMPRE FAÇO POR "AS COISAS EM PRATOS LIMPOS", CHAMANDO "OS BOIS PELOS NOMES", PARA QUE NÃO RESTEM DÚVIDAS.
O RESPEITO E O RECONHECIMENTO QUE DEVO A TODOS AQUELES QUE ME APOIARAM (EM PORTUGAL E EM ESPANHA) NESTE CASO ABERRANTE, (PESSOAS INCÓGNITAS, POLÍTICOS OU JORNALISTAS), LEVAM-ME AGORA, E DEPOIS DE UMA NECESSÁRIA REFLEXÃO A FAZÊ-LO.
EDITO POR ISSO, PARA QUE QUEM QUISER TIRE AS SUAS PRÓPRIAS CONCLUSÕES, A SEQUÊNCIA DE CONTACTOS TROCADOS COM O SR. RENATO NUÑEZ (RN) QUE, A PARTIR DE ESPANHA E APARENTEMENTE (“APARENTEMENTE” PORQUE DEPOIS DE TODO ESTE PROCESSO JÁ TUDO ME PARECE POSSÍVEL…) EM NOME DO MOVEMENTO POLÓS DIREITOS CIVÍS, (MPDC) ME DIRIGIU O CONVITE PARA IR CONCEDER VOLUNTARIAMENTE A REFERIDA CONFERÊNCIA A PONTEVEDRA O QUE SUPOSTAMENTE IRIA CONTRIBUIR PARA AJUDAR À CAUSA QUE MOTIVA A REFERIDA ORGANIZAÇÃO I.E.: A DEFESA DOS DIREITOS CIVIS.
1- (GAD) Depois de recebida a sentença resultante do julgamento a que fui submetido por delito de “falta” que me condenava a 20€ de multa (!) dei conhecimento desse “curioso” desfecho às várias organizações que até essa altura se interessaram, preocuparam e denunciaram o caso, entre elas o acima referido (MPDC), de espanha:
Caros amigos:
Recibí ayer finalmente la sentencia del Juicio la que fui sometido el día 22 de Junio en Pontevedra por acusación de "Falta".
Fui condenado la 20 € de multa o 5 días de prisión.
Obviamente, no está en causa esa ridícula cuantía, pero mis principios estructurales e intelectuales. Voy por lo tanto recurrir.
Si hallaran oportuno digan que yo os envío una copia de la sentencia.
Un abrazo,
Gonçalo Afonso Dias
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2-(RN)O CONVITE QUE VEIO DE ESPANHA:
De: Movemento polos Dereitos Civís
Data: 10/21/05 09:19:25
Para: Gonçalo Afonso Dias
Assunto: Rolda de Prensa
Hola Gonçalo. Quando sería un día adequado para voce dar uma rolda de prensa sobre a eu juizo? Tem que ser uma tercça feira ou quinta feira, entre as 11:00 e as 12:30 da manham.
Um abraço.
renato nuñez
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3- (GAD) Após a recepção do inesperado convite, informei o Sr. Renato Nuñez que a minha decisão teria de ser ponderada com a advogada que está a liderar o caso, em Espanha, e pedi alguns esclarecimentos sobre a iniciativa:
De: Gonçalo Afonso Dias
Data: 10/22/05 04:23:09
Para: mpdc_gz@terra.es
Assunto: Res: Rolda de Prensa
Estimado Renato:
Perdóname sólo ahora responder a tu e-mail sobre la rolda de Prensa. Lamentablemente, después de lo que me sucedió en Pontevedra, mi salud ha empeorado y estos últimos días aún más.
Independentemente de estar personalmente decidido a participar en esa Rolda, como debes comprender, pedí hoy, por e-mail una opinión a la mi abogada en Vigo, pero aún no tuve aún respuesta.
Sin embargo, gustaría que me desses más algunos datos, para mejor preparar esa acción:
1- En que consiste exactamente, em España una "Rolda de Prensa"? Es lo mismo que en portugal una "Confrencia de Împrensa"?
2- Donde será hecha? Em que ciudad? (Eso és importante para la mia programación futura.)
3- Puedo asegurar de álgum modo mi protección fisica durante la mia permanencía en Espanã (Ya tenemos datos bastantes de la actuación reciente de la guardia civil...)?
4- Que elementos devo llevar y, en función de eso, cual es el impacto mediático que se pretende alcanzar?
Espero que no leves a mal estas dudas.
Un abrazo,
Gonçalo Afonso Dias
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4- (GAD) Resposta à minha advogada de Vigo, após ter recebido a sua opinião sobre o assunto:
De: Gonçalo Afonso Dias
Data: 10/24/05 12:39:50
Para: Patricia Romero
Assunto: re: rueda de prensa
Estimada Patricia:
Buenos días!
Obligada por su opinión que aclararan las mias dudas.
Voy a seguir su consejo y proponer al Movimiento Por los Derechos Civiles una primera conversación ,para entonces, poder formar una opinión, y si esa fuera positiva, marcar la Rueda de Prensa, que me interessa,claro.
Entienda Patricia, que en Portugal, este claro caso de abuso policial y de violación de los derechos humanos nunca tuvo una respuesta o un apoyo tan fuerte como en España, apesar de todos los esfuerzos a que me sentí obligado moralmente para hacer público este caso en lo (mío?) país.
Si no a incomodar, la mantengo al corriente del desarrollo de este contacto.
Con los míos mejores cumplimientos,
Gonçalo Afonso Dias
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5- (GAD) Depois de eu ter proposto o dia 10 de Novembro de 2005 (que se encaixava nas datas inicialmente indicadas por RN), fiquei a aguardar uma confirmação para poder organizar a minha vida pessoal e profissional com alguma antecedência. Com a aproximação da data por mim indicada, e sem que tivesse havido qualquer contacto do Sr. RN nesse sentido, informei-o , no dia 7 (3 dias antes) que mantinha a vontade de contribuir para a causa do movimento mas pedi-lhe que a data fosse confirmada com o tempo indispensável para que me fosse possível estar presente:
De: Gonçalo Afonso Dias [mailto:goncaload@sapo.pt] Enviado el: lunes, 07 de noviembre de 2005 3:38 Para: lampiao@movemento.org Asunto: Rolda de Prensa Importancia: Alta
Estimado Renato:
El día 28 de Octubre de este año, un día después de haber recibido los esclarecimientos de que necesitaba de vuestra parte, os comuniqué mi decisión en aceptar vuestra invitación y estar presente en la Conferencia de Prensa, a realizar en Pontevedra, sobre el caso de la violación de mis derechos elementales, por parte de la Guardia Civil, de que fui vitima el pasado día 13 de Junio en esa misma ciudad.
Propuse inclusivamente, en el mail que os dirigí, la fecha de 10 de Noviembre.
Como es comprensible pedíos que me confirmaran con alguna antelación esa hipótesis, para poder la coordinas con mi vida personal y profesional una vez que implica un desplazamiento para el extranjero con las implicaciones que de ahí resultan.
Hasta hoy, día 7 de Noviembre, no recibí cualquier respuesta de vuestra parte.
Comprendo que estén envueltos en muchos casos semejantes o más urgentes que el mío.
Reafirmo mi disponibilidad para contribuir con mi denuncia pública para esta causa que es de todos; la Defensa intransigente de los Derechos Humanos.
Os pido que entiendan también, que tengo una agenda muy apretada y compromisos personales y profesionales que no puedo dejar de respetar.
En ese sentido, me veo gracias a anular esa fecha (sería de aquí la 3 días...).
Me quedaré ahora a aguardar una respuesta más rápida con una nueva fecha, propuesta por vuestro Movimiento, que deberá concederme como mínimo 15 días para preparar la conferencia y encuadrar ese desplazamiento en mi plan de compromisos.
Um abrazo,
Gonçalo Afonso Dias
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6- A RESPOSTA “SINTÉTICA” DE RN: (Aqui entra “em campo” pela primeira vez um “companheiro de Pontevedra”):
De: Renato Núñez
Data: 11/07/05 09:43:55
Para: Gonçalo Afonso Dias
Assunto: RE: Rolda de Prensa
Hola Gonçalo.
Ja estava tudo confirmado a excepçao da hora que eu tinha que acordar com um companheiro de pontevedra. Mais si voce nao pode vir... que vamos fazer. Si voce quer enviar un comunicado de imprenssa buscaremos publicar. Ficamos a túa disposiçao.
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7- A RESPOSTA “DESELEGANTE” DE RN QUE ACABOU COM A SUA PRETENDIDA CONFERÊNCIA:
De: Renato Núñez
Data: 11/07/05 11:04:30
Para: Gonçalo Afonso Dias
Assunto: RE: RE: Rolda de Prensa
Caro Gonçalo.
Imagino que voce terá uma ideia de que organizaçoes como o Movemento polos Dereitos Civís sao voluntarias e nao profesionais, por tanto a profesionalidade é toda aquela que o voluntarismo possa conseguir. Entendo que voce esteja tao ocupado, máis os demáis tambem. Como espero que compreenda, como organizaçao voluntaria e nao professional eu nao me dedico professionalmente ao Movemento polos Dereitos Civís e também trabalho. Motivo por o que si o companheiro de pontevedra nao pudesse ir eu tería que faltar no meu trabalho para te acompanhar na Conferencia de Imprenssa.
Entendendo que a súa esigencia de rigor supera com creces a súa aportaçao ao inicio dos nossos contactos (momentos no que voce nao respondía aos e-mails) e as nossas possibilidades de dedicaçao.
Um saludo.
Renato Núñez
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8- (GAD) A minha posição face à sequência de desconsiderações por parte de RN, que enviei com conhecimento à Advogada de Vigo e que (talvez por isso) acabou com essa disparatada atitude de uma pessoa que pretende “falar” em nome dos Direitos Civis.
Curiosamente, só o mail que continha o convite tem um endereço ligado à organização. Os restantes aparentemente partiram do mail pessoal do senhor Ricardo Nuñez, ou de alguém que se tenha feito passar por ele.
Não me cabe a mim averiguar esse facto.
Se houver lugar a algum esclarecimento ou pedido de desculpa por parte do Movemento Polós Direitos Civis, o meu endereço de e-mail continua a ser o mesmo tal como a minha postura e o meu carácter.:
Caro Renato: Buenos Días! Su respuesta al mail que ayer le envié sobre la conferencia de prensa me dejó sorprendido no pudiendo dejar de prestarle los siguientes esclarecimientos pues mi postura con las personas, independientemente del asunto en causa se rige siempre por la franqueza y por el rigor de mis afirmaciones:
Dice inmediatamente en el primer párrafo que "estaba todo confirmado la excepción de la hora que tenía que despertarse con un compañero de Pontevedra" Le recuerdo, en abono de la verdad, que el día de la semana (lunes o jueves) y la hora (entre las 11:00 y las 12:30) fueron una condicionante colocada por vosotros, inmediatamente en el mail que me enviaron a sugerir la Conferencia de Prensa. Por eso agendei una fecha (10 de Noviembre) que se ensamblara en ese vuestro parámetro y que, si hubiera sido confirmada por vuestra organización, en tiempo útil, me permitiría por un lado, mejor preparar con vosotros (y a través de contactos a la prensa Portuguesa) ese evento. Por otro lado, ese espacio de tiempo es fundamental para organizar mi vida familiar (soy separado y tengo dos hijos), y mi vida profesional (tengo un gabinete de arquitectura con mucho trabajo y ocho colaboradores a desarrollar proyectos para Portugal y para Angola, que son coordinados por mí. Mi disponibilidad en desplazarme Pontevedra (que como deben calcular, por los hechos ahí sucedidos y que condujeron a la "denuncia" no es la ciudad de mi preferencia sentimental) fue de inmediato, tiendo en cuenta los principios y los valores que motivaban ese esfuerzo, endoso. Aumenta, que la edité desde inmediatamente en mi blog "denuncia" dejando ahí también la confirmación de la fecha una vez que estaba a la espera de vuestra respuesta.Por el expuesto, me sorprende el modo como su respuesta es redactada. Mis convicciones no cambian. Mi carácter tampoco y por eso me quedaré a la espera de una satisfacción de vuestra parte para tan precipitada respuesta. Estoy, por otro lado, en deuda, con todos los lectores del blog (www.pontevedra.blogspot.com) que han seguido solidariamente este caso y aguardan que yo edite la fecha de la Conferencia. Es este mi modo de estar en la vida. Con respeto por las personas, pero también con una enorme exigencia de rigor y de profesionalismo, sobre todo cuando trato de asuntos tan serios.
Saludos, Gonçalo Afonso Dias
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Deixo aqui a explicação para a anulação de uma conferência de imprensa para que fui convidado e aceitei dar, em Pontevedra, (local onde fui brutalmente agredido pela Guardia civil) em nome dos Direitos Civis e dos meus valores morais e intelectuais.
Independentemente da eventual justificação para o procedimento do Sr. que assina como Ricardo Nuñez (RN), mantenho a minha determinação e continuarei a aguardar tranquilamente o resultado do Recurso à sentença que me condenou.
Tudo aquilo que entender fazer em nome desta causa farei agora exclusivamente pelos meus próprios meios.
Registo ainda a total indiferença dos responsáveis do meu País que, tendo conhecimento de tudo o que sucedeu, até hoje nada fizeram em nome de um cidadão que como todos os outros têm o direito de se sentir parte deste País.
O Dr. Freitas do Amaral, tanto quanto sei, têm o dossier. Vários membros do governo tiveram o conhecimento deste caso, quer pelos media, quer através de contactos feitos directamente.
O Dr. Freitas do Amaral está naturalmente mais preocupado com assuntos, como a recente visita a Angola para colocar “paninhos quentes” nas atitudes de alguns membros do nosso governo que crisparam as relações entre os 2 países e que comprometeram, na minha opinião, a natural vantagem que por afinidade Portugal teria em colaborar no desenvolvimento daquele País Africano.
Não conseguiu. Pelo menos aos olhos do povo… Cheguei de lá há poucos dias e ainda senti , em Luanda, o “odor” de tanta hipocrisia.
(foto do autor - Luanda 11 de dezembro de 2005)
Está a começar um novo ano. “Olho para o espelho”e sinto-me bem.
Contudo, não vejo marcado na minha testa nem um “H” de Herói nem tão pouco um “M” de Mártir.
Quero com isto dizer «que ESTE SERÁ O ÚLTIMO POST QUE COLOCAREI NESTE BLOGUE, reafirmando o sincero agradecimento a todos os que desinteressadamente me apoiaram e sei que continuarão a apoiar.
Também não tenho dúvidas que teve a sua utilidade.
Quero acreditar que a divulgação que este caso teve em Portugal mas sobretudo em Espanha terá feito com que pelo menos alguém pensasse no assunto e, se calhar, em alguma circunstância, um daqueles “Animais fardados” de azul claro, tenha reprimido o gesto já mecânico de puxar do cassetete para agredir e humilhar um qualquer cidadão indefeso ou fragilizado pela sociedade, que lhe tenha caído nas garras.
10.29.2005
"CONFERÊNCIA DE IMPRENSA"
CONVITE:
De Espanha veio “BOM VENTO”, soba forma de um convite que me foi endereçado pelo “MOVEMENTO POLOS DEREITOS CIVIS” (que há muito me manifestou a sua solidariedade) para estar presente, no “local do crime”, numa CONFERÊNCIA DE IMPRENSA a ter lugar proximamente, dedicada a este caso aberrante, mas que começa infelizmente a tornar-se “banal”.
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Em nome de todos aqueles que fazem parte das terríveis (mas bem reais e actuais) estatísticas sobre a VIOLAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS e estão “amordaçados” pelas sua fragilidade perante a sociedade.
Em nome dos que já foram ABATIDOS “ pelo excesso de zelo” na cada vez mais perigosa actuação "histérica" das POLICIAS na Europa, num combate ao terrorismo, “sem ponderação, precipitado, e cujas consequências acabam por servir as intenções mais subrepticias dos próprios terroristas - O TERROR, instalado nas cidades e Países, alvos das suas sangrentas investidas).
Por COERÊNCIA.
Por RESPEITO a todas as pessoas que “amplificaram” (Em Portugal ou em Espanha) esta denúncia, oferecendo-me a sua SOLIDARIEDADE;
Porque tenho a “Alma Limpa” e só digo a VERDADE;
Contra todas as formas de DISCRIMINAÇÃO, RACISMO e XENOFOBIA;
Por DEVER MORAL;
Porque, por tudo isso, O MEDO AQUI NÂO CABE;
LÁ ESTAREI.
PARA FALAR BEM ALTO E EM PORTUGUÊS.
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Nota: O dia preciso dessa “DENÚNCIA MEDIÁTICA” será oportunamente tornado público, em Espanha e aqui em PORTUGAL ,neste cantinho “bloguista” , NO MEU PAÍS DE ORIGEM, onde, até hoje, INSTITUCIONALMENTE, não tive qualquer hipótese do “BOM CASAMENTO”…que seria suposto e até devido, depois já ser tão publica esta “DENÚNCIA” e notórios os factos que a acompanham.
Porque será que em Portugal ninguém "IMPORTANTE" têm a coragem e o discernimento de Gareth Evans (Presidente do International Crisis Group) para "PÔR O DEDO NA FERIDA"?
10.15.2005
REGRESSO A PONTEVEDRA
Recebida a intimação, pelo correio, (sem sequer ter o normal, nestes casos, "aviso de recepção") na qual fiquei a saber que tinha sido condenado (na sentença do Julgamento "por falta"do dia 22 de Junho de 2005), a uma multa de 20€ por "desobediência à autoridade"),e com um prazo para muito pouco favorável para constituir um advogado em Espanha que elaborasse o documento, parti, no dia 11 (Segunda-Feira) com destino a Vigo, onde previamente havia feito a reserva para duas noites.
A reunião com a advogada estava já marcada para o dia 13, às 12 horas de Espanha, e portanto convinha precaver algum atraso contraproducente.
Quando cheguei ao gabinete da advogada, o documento já estava praticamente pronto, e extremamente bem fundamentado.
Contudo, segundo as regras espanholas, esse recurso teria obrigatoriamente de ser entregue por mim, na secretaria dos Julgados, e assinado presencialmente.
Confesso que a ideia ter de ir de novo a Pontevedra me deixou relativamente contrariado, mas TINHA DE SER FEITO!
A permanência no "Hotel Baía de Vigo" teve inesperadamente de ser prolongada por mais dias, pois a secretaria do Julgado fecha às duas da tarde (pelo que já não era possível lá ir nesse dia. e. por outro lado, no dia seguinte era Feriado Nacional em Espanha (Dia da Hispanidade)..
Só podia, portanto entregar o recurso no dia seguinte de manhã, o que fiz "a tempo e horas."
Nada ficou estragado, apesar do temporal ter assolado esta região
Aproveitámos (a minha companheira e seu sempre disponível pai, acompanharam-me nesta viagem), para melhor conhecer a cidade .
Já há alguns anos que não ía a Vigo e fiquei favoravelmente surpreendido pelo desenvolvimento que esta cidade portuária entretanto teve .
10.08.2005
AS MINHAS CONVICÇÕES NÃO ESTÃO EM SALDO!
Finalmente chegou a já tão esperada carta de Espanha com a sentença referente ao Julgamento por "FALTA", onde fiz questão de estar presente (podia ter sido simplesmente representado pelo advogado oficioso que a Guardia chamou, no dia 13, dia das agressões, para presenciar ao interrogatório que precedeu a minha "liberdade condicional).
Recordo, que há já algum tempo, a Guardia Civil, através do seu Gabinete de Imprensa, tinha comunicado por e-mail ao "O Independente" que eu estava condenado, só que ainda não o sabia:
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Original MessageFrom: LAUREANO RODRIGUEZ ENRIQUEZ [mailto:laureano.rodriguez@dgp.mir.es]
Sent: quarta-feira, 3 de Agosto de 2005 14:19
To: afsousa@oindependente.pt
Subject: Detención de Gonçalo Seixas Afonso Dias
Buenos días,
Acerca del asunto interesado por su periódico, se informa que el ciudadano portugués Gonçalo Seixas Afonso Dias, fue condenado en Juicio de Faltas 372/05, por el Juzgado de Instrucción Nº Dos de esta ciudad, como autor de una falta de desobediencia a agente de la Autoridad, si bien aún no le ha sido comunicada la sentencia.
El pasado día 13 de junio de 2005, Gonçalo Seixas Afonso Dias fue requerido por un agente policial para que se identificara, ya que se encontraba realizando fotografías a las instalaciones policiales de esta ciudad, negándose a ello, por lo que fue informado de que si se negaba a cumplir dicho requerimiento sería detenido por desobediencia y trasladado a esta Comisaría para ser identificado, continuando en su negativa a identificarse, por lo que se procedió a su detención y traslado a esta Comisaría.
Gonçalo Seixas Afonso Dias fue informado en el momento de su detención, mediante acta, de los derechos que le asistían como detenido y firmando dicha acta, entre los que se encuentran el derecho a ser asistido por un abogado y a ser asistido por un médico forense, derecho éste último que el detenido no ejerció.
Una vez prestó declaración en esta Comisaría fue puesto en libertad y citado para que compareciera al día siguiente en el Juzgado de Instrucción de Guardia de esta ciudad; en sus declaraciones ante la Policía y en el Juzgado, durante las cuáles fue asistido por un abogado de oficio, no denunció ninguna clase de maltrato físico o psíquico.
El trato ofrecido a Gonçalo Seixas Afonso Dias por parte de los policías encargados de su custodia en esta Comisaría fue correcto en todo momento y ajustado a derecho.
Esperamos que esta información sea de su interés.
Un saludo.
Gabinete de Prensa de la Comisaría del C.N.P. de Pontevedra.
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Posteriormente, declarou ao "Diário de Pontevedra" que eu me queria vingar da multa de 140€ que teria de pagar pela condenação, e mais, que me estava a aproveitar mediáticamente do caso do agricultor morto em Roquetas De Mar.
Aberto ansiosamente o sobrescrito da notificação, ainda com a caixa do correio escancarada, confrontei-me com um documento composto por 3 páginas
com uma elaborada e profissional argumentação,mas, disconexa e até contraditória com tudo o que a precedeu oficialmente.
Afinal fui condenado por "desobediência à autoridade". Então porque é que, no dia 13 me "empacotaram" a máquina fotográfica, num envelope castanho da polícia com o registo do nº de série do aparelho dactilografado e dirigido ao Juíz que supostamente me iria interrogar
(e que, segundo me informaram na Comissaria, poderia querer ver as fotografias que tirei na fatídica manhã,no próprio aparelho) Será que foi porque não havia nenhuma imagem dirigida à esquadra?! ou porque não é crime fotografar no centro de uma cidade turistica, pejada de fotografos com máquinas de bolso e sofisticados telemóveis "fotografantes", sobretudo quando se está de férias?
Por outro lado, porque será que continuam a acusar-me de ter recusado a apresentar a documentação, quando no documento que assinei na esquadra, ao lado da assinatura do polícia que me interrogou está precisamente a negação desse facto, com o carimbo da guarda e tudo?Esse documento foi apresentado à juiza no julgamento do dia 22! "Santa paciência"!
Por fim, como é possível a acusação afirmar publicamente e com tanta antecedência a Sentença do julgamento e até o valor da multa(140€), quando mais ninguém o sabia, nem o meu então advogado oficioso?. Acresce, para maior confusão e indicio de desespero da Guardia, que esses 140€ eram o valor inicialmente previsto, (caso fosse dado como culpado no o 1º julgamento, o do dia 14 de Junho, (que não se chegou a realizar porque não "vendi a alma" e não paguei a multa que, segundo eles acabava com o problema). Pois acabava...
Agora fui efectivamente condenado, não aos tais 140€, mas a 20 (vinte)Euros!!! Parece uma brincadeira de mau gosto, mas não é.
Concedem-me ainda "generosamente" (tratando-se de um cidadão estrangeiro que para recorrer o tem de fazer em Espanha) 5 dias para o fazer, e que farei e faria, fosse qual fosse o montante da multa.
Vou, por isso urgentemente "empenhar" mais umas centenas largas de euros, em gasolina, em portagens, na estadia e no advogado que vai a apresentar o recurso, MAS NÂO PAGO NEM UM CÊNTIMO!!!. As criaturas (refiro-me à polícia, a Juíza deve ter feito o seu trabalho), estão redondamente enganadas.
A minha convicção é inabalável, ainda sinto as brutais agressões e as humilhações que sofri em Pontevedra no dia 13 de Junho, ainda sinto as algemas por cima do relógio e os insultos dos 3 guardas que "fizeram a festa" dentro daquela Comissaria. E é precisamente em nome das pessoas humildes e indefesas, que se veêm por isso despidas dos seus Direitos Humanos, desprezadas pela sociedade que as usa como mão de obra barata e susceptível, é em nome de todas as minorias, de todas as vitimas de discriminação, de racismo e de xenofobia que NÃO PAGO!, NEM CEDO. Vou lá para recorrer e depois prosseguirei todo o esforço a que a revolta me obriga, até levar aqueles 3 animais ao Banco dos Réus.
E escusam de me tentar comprar, de me pressionar em Espanha (como sucedeu recentemente na Catalunha), porque também NÃO TENHO MEDO.
A razão e o meu carácter não dão espaço a "medos" ou "hesitações".
Talvez agora comecem a perceber, que, dure os anos que durar, a Justiça terá inevitavelmente que ser feita, e, quando um dia, um daqueles gorilas levantar a mão para agredir alguém talvez pense duas vezes e resfrie os seus instintos criminosos.
Se isso acontecer, por uma vez que seja, para mim já terá valido todo este pesadelo.
10.05.2005
TOLEDO II
Curiosamente, na manhã seguinte o céu de Toledo tinha um aspecto ambíguo que me provocou sentimentos também contraditórios.
Mais uma vez tentei convencer-me que a minha fértil criatividade, que até aí vinha saciando com a arquitectura, a fotografia, o desenho e a pintura, me estava a levar para o lado do cinema, eventualmente inspirado pela paixão literária da minha juventude - os pequenos policiais;
o Comissário Maigret,de Georges Simenon
(o meu preferido) e tantos outros pequenos livros que ainda enchem uma pquena estante de prateleiras escalonadas "à medida" .
Não apreciava particularmente os enredos de Agatha Cristie, ou os complexos "nós" desfeitos magistralmente por Sherlock Holmes; (irritava-me a sobranceria com que lidava com o seu sempre seu prestável companheiro de aventuras o Doctor Watson., apesar de reconhecer ser esse um dos "condimentos "que tornavam as sua histórias mais reais). Detestava os policiais violentos ripo "Rex".
Mas, repito, o anafado Commissaire Maigret (Police Judiciaire,
36- Quai des Orfèvres, Paris) "enchia-me as medidas" e as suas histórias ocupavam a mais alta hierarquia nas prateleiras da estante que dediquei aos policiais "de bolso", que, nessa altura, consumia em doses de "um por noite". Maigret era "perfeito", tinha vícios e virtudes, cometia injustiças mas não hesitava em reconhecer os seus erros.
Era um "bom prato" e um "bom copo"..., bom conversador, tratava familiarmente os seus subordinados e apreciava pormenorizadamente cada detalhe dos locais a que os seus casos obrigatoriamente o conduziam.
Excelente polícia, era também um homem sensível, amante da arte e da Liberdade, nos seus verdadeiros e genuínos sentidos.
Pondo de lado estas divagações, esse dia em Toledo, foi planeado de forma a gozar a piscina na hora do calor mais intenso, e aproveitar o final do dia para ir a pé até à cidade, que até aí só víamos de cima. A bela Catedral constituía um dos maiores incentivos para esse percurso.
Mas o "encantamento" não durou muito. Ocupámos uma das áreas reservadas no jardim às "chaise-longues" de plástico", protegida por um Guarda sol "havaiano" e, preparámo-nos para um "belo bronze" até darmos de caras com o estranho sujeito da tarde anterior ".
Curiosamente, já tinha um aspecto menos "desintegrado", mais urbano. A barba já tinha sido aparada e o vistoso "rabo-de-cavalo" dera lugar a um corte perfeitamente comum.
Pensámos primeiro que o tipo estava de férias e tinha resolvido mudar de "visual", até ao momento em que fez questão de se colocar muito próximo de nós a falar ao telefone num nível de decibéis altíssimo e aparentemente prepositado, descrevendo ao seu eventual interlocutor toda a sua viagem (que coincidia até ao mais ínfimo detalhe com a nossa, rematando a conversa com um "(...Ainda hoje sigo para Portugal...)".
Acabou aí a minha curta tranquilidade, até porque, parte da conversa que fui obrigado a ouvir reproduzia quase integralmente um pequeno diálogo que momentos antes tinha tido pelo telefone com a minha ex-mulher, para a sossegar em relação aos miúdos.
Por outro lado, o facto de o homem não largar o telefone, de usar o relógio na mão direita (que parecia colada ao telefone portátil) sobre uma estranha pulseira amarela e ainda de ter uns calções de banho deque me lembrava já ter visto à venda na loja desse mesmo Parador bloquearam por momentos as minhas já escassas reservas de paciência e, pouco depois estava na janela do meu quarto, com a máquina fotográfica bem focada no já suspeito "turista ocasional".
Abri a mala da "artilharia informática" que sempre me acompanha nas viagens, liguei o computador, inseri o cartão de memória da minha "Pro1" e espremi os 8 Megapixéis das fotos que momentos antes tirara, para confirmar as minhas já fundamentadas desconfianças:
Efectivamente sob o relógio colocado na mão direita notava-se uma espécie de pulseira, que não devia ser muito confortável.
Confirmava-se pelo logótipo dos calções de banho (Um "P" rebuscado e dourado de "Parador") que eventualmente o sujeito não foi para ali preparado para os "banhos".
Por outro lado, a suspeita de que as minhas conversas telefónicas "faziam eco" foi inesperadamente comprovada: Quando estava nesta operação de "caça ao pixel" o meu telefone tocou. Do outro lado, um engenheiro civil que comigo colabora nalguns projectos, pretendia uma reunião, julgando que eu me encontrava "em casa". Instintivamente, e ainda a observar de longe o homem dos calções comprados no Parador, disse ao meu amigo engenheiro que (..."me tinha apanhado por sorte, pois estava Fora de "malas aviadas" para regressar ainda a tempo de termos essa pretendida conversa no meu atelier de S. Pedro.
Dito mas não feito! O meu comparsa lá de baixo "aviou-se logo". arrumou a trouxa e dirigiu-se para o interior do Parador. Não mais o voltei a ver. Deixei passar algum tempo, desci e fui à recepção adiar a estadia por mais um dia...
TOLEDO
À medida que nos afastámos de Barcelona em direcção ao Sul, a inquietação foi-se diluindo dando mesmo lugar a alguns momentos divertidos e a paragens, mais ou menos prolongadas, consoante o "apetite" ou o interesse que as motivavam.
Chegámos a Toledo ao final da tarde. O calor que se sentia era ainda insuportável, o que apressou a já "mecanizada" operação de "descarga", para dar ainda tempo a um reconfortante mergulho na enorme piscina que o guia tanto destacava.Feito o check-in e encaminhada a bagagem, subimos rapidamente aos quartos para vestir os fatos de banho e finalmente poder ir mergulhar.
Desta feita, a vista que da janela do nosso quarto oferecia era magnífica e repousante. O Parador superou a nossa expectativa, pelo requinte e pelo encanto que Toledo, mesmo ali em baixo, lhe conferia.
Equivalentes às nossas melhores Pousadas, os Paradores de Espanha são sobretudo frequentados por pessoas que procuram calma e sossego, perdendo-se em "leituras adiadas", ou pura e simplesmente admirando a generosa paisagem sempre oferecida pela sua localização geográfica (normalmente em antigos e sobranceiros castelos ou conventos, recuperados e convertidos em íntimos e acolhedores hotéis).
Já no relvado, junto à piscina, reparámos num indivíduo que acabara de chegar, mas que não "encaixava" naquele "puzzle". Tinha o aspecto típico de alguns camionistas que tradicionalmente se reúnem de madrugada nas áreas de serviço das auto-estradas espanholas a beber cervejas e a dizer asneirolas "à desgarrada". O "rabo-de-cavalo" e o repetido gesto de acariciar a enorme barriga, intercalado com os sucessivos telefonemas num tom de voz de voz despropositado ainda tornavam menos credível o seu "enquadramento" naquele silencioso espaço.
A Susana e eu trocámos um olhar cúmplice. "Tirámos os miúdos da água, subimos para tomar banho e preparámo-nos para ir jantar à lindíssima sala do restaurante ali existente. Não voltámos a ver o estranho personagem e o serão foi finalmente tranquilo, em paz mas, para mim com uma ligeira névoa no ar.
10.03.2005
Regresso antecipado
Definitivamente, as idílicas férias com os filhos começavam a tornar-se num pesadelo.
Na manhã seguinte à noite de "vígilia", ponderámos sair de Granollers e regressar a Portugal, principalmente porque as crianças já começavam a dar sinais de alguma perturbação.
Conversámos sobre o assunto com a Advogada Portuguesa e com outras pessoas amigas, mais ligadas e conhecedoras do assunto. As opiniões convergiam com a nossa; permanecer em Espanha podia tornar-se perigoso.
Senti, de novo, a minha liberdade cerceada por algo que desconhecia verdadeiramente.
Ao mesmo tempo, custava-me muito desiludir os meus filhos na "nossa" semana de férias tão desejada.
Procurei com a Susana uma solução que não fosse (para eles e para nós) tão frustrante.
Decidimos então que o melhor seria dividir a viagem de regresso em duas partes, ficando já nessa noite muito longe dali, num Parador que faria as delícias dos meus filhos e onde estaríamos, de certeza, mais resguardados do que num banal hotel.
Confrontámos o mapa com o Guia dos Paradores (de que sou já "amigo") e optámos por Toledo.
Para além de ser uma das mais belas cidades de Espanha, têm um magnífico Parador, com uma enorme piscina rodeada de espaços verdes vedados.
Acresce que esses últimos dias coincidiram com uma vaga de calor que assolou Espanha, atingindo os 40 graus.
Decidido o destino, fizemos as malas e arrumámo-las no carro antes de fazer o check-out no "Hotel Granollers", para que a saída fosse o mais "ligeira e discreta" possíveis.
Paga a despesa entramos para o carro e dirigimo-nos então paraToledo, a cerca de 600 km dali.
9.30.2005
"INAUGURAÇÂO"
Finalmente chegou o dia da inauguração, às 20.00h do dia 9 de Julho.
Tínhamos marcado a saída do "Hotel Granollers" para o dia 10, pois calculámos que a comemoração do VI aniversário da "VirtuArt" que incluía essa exposição colectiva acabaria tarde, como é tradição nesses acontecimentos (conversa-se, comenta-se, bebe-se um "drink" e a coisa arrasta-se....
Ainda por cima fomos avisados que lá estaria a imprensa local, críticos de arte e público recorrente da galeria.
Atrasámo-nos meia hora, entre o vestir e o chamar um táxi (apesar de não ser longe evitámos andar a pé...).
Chegámos aos "Casco Velho" de Granollers e à Calle Barcelona, onde fica a galeria e, surpresa!: A galeria já tinha fechado!!!
Boquiabertos, pois só nos atrasámos menos de 30 minutos, ficámos a olhar para a montra Da "Virtuart" onde estavam efectivamente, em destaque 3 fotografias minhas, ficando a parede principal, ocupada quase integralmente pelas restantes 16 fotografias da série "Angola 2004" que, uma semana antes lá tinha deixado.
Os 3 desenhos (A2) estavam alinhados junto à porta.
Através da montra vimos os galeristas e não resistimos, apesar de a grade que encerra a montra de noite já se encontrar praticamente em baixo, a chamá-los para tentarmos perceber o que se tinha realmente passado já que sinais de inauguração "nestes". Até a mesa dos aperitivos parecia acabada de pôr.
Muito cordialmente, os donos da galeria abriram a grade semicerrada e deixaram-nos entrar, sem conseguir disfarçar totalmente um evidente embaraço.
Pelo nosso lado, mantivemos a postura e fizemos as perguntas "obrigatórias" sobre a tão estranha e "deserta" inauguração.
A melhor explicação que conseguimos foi dada pelo José Luís; (...)Se calhar, por ser um Sábado, as pessoas tinham ido à praia de dia e ficado em casa de noite. Continuando o relato de José Luís, o iminente crítico e a imprensa local só iriam uns dias mais tarde, porque com a galeria cheia de gente, não tinham condições para trabalhar.
Fingimos acreditar e apanhámos de novo um táxi para o Hotel.
"INSÓNIA"
Quando finalmente chegámos ao hotel o meu grau de desconfiança era equivalente à perigosa (dado o meu estado de saúde) ansiedade que já começava a sentir; ainda faltavam alguns dias para a desejada inauguração, estava a 1300 km de casa, com os meus filhos e sem perceber o realmente o que se estava a passar.
Mantive-me deitado, com a janela aberta num ângulo que me permita ver qualquer movimento na rua da frente daquele pacato sítio.
Já era tarde.
A certa altura apercebi-me de um "Almera" preto a estacionar em frente à casa nº1, mas do lado do hotel.
A grande surpresa é que de lá de dentro saiu o "homem de vermelho" e entrou para a cafetaria do hotel que também serve a rua.
Senti um enorme arrepio. Já era demais!
A Susana tomou a iniciativa de descer descontraidamente fingindo que ia ao carro procurar algo. Quando olhou para a cafetaria reconheceu claramente o sujeito que ali estava, calmamente a tomar algo.
Depois o "Almera" saiu, mas por pouco tempo.
Quando regressou trazia o sujeito de vermelho e um acompanhante com ar de "jovem artista".
Na estranha cadeira estava sentada uma senhora com alguma idade, que presumo ser a dona da modesta casa nº1.
No entanto, a casa nº1 é contígua a uma casa que também me suscitou de princípio algum interesse pelo "dispositivo de segurança que exibia num sítio tão calmo e pacífico: (sistema de alarme bem visível, antenas, um cão polícia, etc)
Os dois homens, dirigiram-se então à senhora, conversando e gesticulando simultaneamente, eventualmente sobre "o estado do tempo"
Nessa noite não consegui dormir, qualquer ruído me atirava para fora da cama para ir ver como é que estavam os meus filhos, ou se havia alguém estranho no corredor do 5º piso.
Instalada a insónia fiquei "de vigia" à casa do alarme onde a movimentação foi grande nessa noite :
O homem de vermelho entrou e voltou a sair, mais do que uma vez; entram outros indivíduos; parou na rua do lado uma enorme carrinha com os vidros tapados que a dada altura saiu, para voltar a estacionar 50 metros atrás.
Pensei por momentos que estava dentro de um qualquer filme de mau gosto, mas infelizmente a situação era bem real e preocupante.
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